quarta-feira, 26 de junho de 2013

Fotojornalista dos Direitos do Homem

João Roberto Ripper é um importante fotojornalista brasileiro que passou por importantes veículos de imprensa, como a agência F4 e o jornal O Globo. No entanto, desde seus 18 anos, quando começou a fotografar, ele percebeu que as redações não eram seu lugar.

Grande parte do trabalho de João Roberto Ripper é dedicado a comunidades e pessoas isoladas e excluídas: favelas, quilombos, carvoeiros...todas elas negligenciados pela grande mídia, como diz o fotojornalista.

O décimo-nono artigo da Declaração Universal dos Direitos dos Homens está gravado na cabeça do fotojornalista. Enquanto o artigo enuncia o direito de exercer a comunicação, Ripper garante esse direito ao fotografar comunidades esquecidas e "mostrar a beleza deste povo".

Confira abaixo alguns destaques da entrevista feita com o fotojornalista:

Confiança

João Roberto Ripper deveria ser considerado um estranho, talvez até uma ameaça ao chegar pela primeira vez em comunidades isoladas para produzir seus ensaios. Ainda assim ele consegue produzir fotos íntimas com seus personagens, que com certeza só foram possíveis através da construção de laços de confiança entre fotógrafo e fotografado.

Para conquistar essa intimidade com os membros das comunidades retratadas, Ripper fazia questão de ser uma visita frequente para essas pessoas. Ele não só produzia as fotos, como também as levava de volta para o lugar onde elas foram tiradas.

Para Ripper, esse trabalho de mostrar às comunidades as fotos que eram tiradas delas era fundamental para construir laços entre ele e seus personagens, permitindo que ele conseguisse produzir ensaios, mesmo sem necessariamente compartilhar a cultura desses lugares.

Carvoarias

Alguns dos trabalhos mais reconhecidos de Ripper foram feitos em carvoarias na região centro-oeste do Brasil. Em condições deploráveis de vida, ele retratou um pouco do trabalho escravo de quem sobrevive para pagar dívidas.

Para fugir da perseguição dos donos de carvoarias, Ripper afirma que ia para esses locais com a companhia de organizações que prestavam auxílio aos trabalhadores em condição de escravidão.

De qualquer forma, não parece que ele realmente tinha medo de ser flagrado pelos donos das carvoarias fotografando a ilegalidade. Segundo o fotojornalista, ele ficava nas comunidades até ser expulso, e sempre tinha uma desculpa na manga para justificar a produção de imagens: "Dizia que era para retratar a importância da produção de carvão, que ajudava tanto a economia no governo Collor.

Favelas

Ripper se mostra indignado ao falar da cobertura jornalística feita em torno das favelas no Brasil. Segundo ele, a maioria das pessoas lá não tem nada a ver com o tráfico de drogas, mas somente isso seria exposto pela imprensa.

As críticas não se resumem à imprensa, já que para Ripper a própria polícia trata os moradores das favelas da mesma maneira, sejam eles traficantes ou moradores inocentes, inclusive enterrando juntos os seus corpos.



Guilherme Silva

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