quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Avaliação do primeiro exercício


Mais do que a beleza plástica das fotos, o que importa para o fotojornalismo é fornecer informação através da imagem, se apropriando dos elementos da linguagem fotográfica. Por conta disso, o fotojornalista deve ser, antes de qualquer coisa, um repórter fotográfico, se preocupando em colher informações textuais, além da própria fotografia.

Como sempre diz nosso professor, Rodrigo Rossoni, “a imagem fotojornalística deve vir sempre acompanhada do texto escrito”. Esta lógica tem a ver com a crítica mais incisiva que Rossoni lançou sobre a turma durante a avaliação do nosso primeiro exercício. Nenhum dos alunos havia anotado nem o nome nem informações sobre as pessoas fotografadas, uma falha grave (mesmo para um exercício) já que estas informações são essenciais para a cobertura de qualquer pauta.

Por falar em pauta, ela tem que estar totalmente clara na cabeça do fotógrafo antes do primeiro click, já que irá direcionar o seu olhar e, consequentemente, todo o trabalho técnico e de linguagem. Sempre que possível, devem ser feitas fotos horizontais e verticais de cada situação, para dar mais possibilidades de diagramação da página na hora da edição. Além disso, o fotojornalista deve buscar um ponto de vista diferente do comum, explorando ao máximo as ferramentas de linguagem para transmitir a informação que a pauta exige.

Um dos exercícios que fizemos falava sobre aglomeração nos restaurantes universitários. Procurei compor um quadro preenchido com o máximo de pessoas possíveis, umas sentadas almoçando e outras na fila. Outro exercício falava sobre os motoristas que não respeitam o limite de velocidade dentro do campus. Enquadrei a placa de limite de velocidade de 20Km/h no canto direito e aumentei bastante o tempo de exposição (compensando com uma abertura muito pequena do diafragma), a ponto de deixar apenas o rastro tremido dos automóveis, dando a ideia da alta velocidade que passam.




Além destas questões práticas e técnicas, existem também aquelas que dizem respeito à ética da profissão. Durante a avaliação das imagens nos deparamos com dois momentos de discussão referentes a isso. Numa das fotos apareciam duas pessoas, como se fossem um casal, mas a própria expressão deles gerava a dúvida se realmente eram namorados, como pedia a pauta (namorados no campus). Não eram. Em outra foto, que deveria mostrar as “obras intermináveis da UFBA”, aparecia uma obra vazia. Poderia ser uma boa imagem se não tivesse sido tirada durante o horário de almoço dos operários. Na verdade a obra estava a todo vapor e a publicação daquela foto naquele contexto geraria um grande problema ético. 

Nada impede um fotojornalista de compor, intervir ou até mesmo montar uma cena, mas as informações apresentadas pela imagem devem ser verdadeiras. 


Henrique Duarte

Nenhum comentário:

Postar um comentário